É preciso deixar as mulheres brilharem


Estamos presenciando hoje no Brasil, um fato inédito. Duas mulheres líderes nas pesquisas de intenções de voto para presidência da república. Dilma Roussef, candidata à reeleição e a senadora Marina 
Silva.


Alguém vislumbraria esse cenário há dez anos atrás, acho pouco provável. Mas o que temos notado é que as mulheres começaram a mostrar sua força em todos os cenários. Hoje temos mulheres nos mais altos cargos no mundo corporativo, presidentas de estatais, prefeitas, governadoras, enfim, as mulheres estão no poder.

No mundo todo, as mulheres vem pouco a pouco ocupando papel de destaque. Um dos poucos países considerados desenvolvidos onde a resistência às mulheres é maior, é no Japão.

O modo de funcionamento das empresas japonesas, onde trabalhar além da hora e manter o mesmo emprego para toda a vida são regras, e a homogeneidade da sociedade, onde não há lugar para a imigração em massa, são agora desvantagens quando em concorrência com sociedades jovens, onde a inovação e a busca individual de riqueza têm levado a ganhos de competitividade.



Para tentar mudar esse cenário, foi realizada na primeira quinzena de setembro a Assembléia Mundial para Mulheres – WAW, em Tókio com incentivo do governo japonês. Uma das estratégias de crescimento do primeiro-ministro Shinzo Abe é encorajar mais mulheres a exercerem papéis de destaque na sociedade.

Mulheres em posições de liderança em organizações internacionais e empresas no Japão e no exterior foram convidadas a participar do fórum. Entre elas estiveram presentes Christine Lagarde, chefe do FMI, e a embaixadora dos Estados Unidos no Japão, Caroline Kennedy.

O governo de Shinzo Abe promete a realização de mudanças em áreas como o mercado de trabalho e a regulação, para de tentar combater a falta de mão-de-obra com a entrada de mais mulheres. A cada dia se volta cada vez mais para as mulheres, fazendo do tema um dos seus principais cavalos de batalha, usando repetidamente o slogan de que “é preciso deixar as mulheres brilharem”.

Segundo Yoko Ishikura, professora da Universidade de Tókyo, especializada em estratégias de gestão, a iniciativa do governo é muito boa e se as ideias forem adotadas, será um grande avanço nas relações, pois atualmente a posição do Japão é muito baixa em rankings como o relatório do Fórum Mundial sobre a igualdade dos sexos.

Isso é um desperdício de talento, conta Ishikura, já que as mulheres japonesas são bem instruídas. Face ao declínio e ao envelhecimento populacional do Japão, ela sugere que o país deveria fazer com que todas as mulheres com talento que se dispõe a trabalhar tenham um emprego e uma carreira significantes. O estilo laboral que envolve longas e inflexíveis jornadas de trabalho, que dá mais ênfase ao tempo gasto do que aos resultados obtidos, sem um sistema eficiente de avaliação, dificulta a possibilidade de mulheres trabalharem e buscarem uma carreira de sua escolha. A professora observa que algumas iniciativas estão sendo tomadas, como um aumento no número de estabelecimentos para cuidar de crianças, mas ela insiste que o sistema fundamental de trabalho precisa mudar no Japão para permitir que as pessoas que querem trabalhar possam ter um bom emprego e um bom estilo de vida. A conferência WAW irá promover uma visão mais futurística do estilo laboral, promovendo novos setores, novos trabalhos e novos tipos de carreiras, incluindo carreiras múltiplas e o trabalho em casa, para que as pessoas possam ter mais opções.


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